A Copa passou, mas ficaram e ficarão lembranças!

Ok, o assunto foi copa. Por todo um mês cidadãos e cidadãs deste país tornaram-se profundos conhecedores do futebol. Normal, alguns diriam. Afinal estamos no país do futebol e é daqui o maior de todos os tempos, Rei Pelé. 190 milhões de especialistas da bola, seria maçante caso não fosse espetacular. Durante esse relapso de tempo que se chama Copa do Mundo, é possível discutir baseado em argumentações sobre a metafutebolística. Assuntos que transcendem o futebol passam a ser acessíveis ao reles mortal. Genial.


Genial, entretanto, não foi a Copa. Apesar de astros do futebol rechearem os gramados, foi a determinação das menos pomposas seleções que conquistaram o público. Nenhum problema, afinal vivemos num mundo repleto de paradoxos funcionais. É... Aquela história batida do melhor jogador de golf ser negro e o rapper mais famoso ser branco. CR11 e Messi, os melhores do mundo, nada fizeram. Coitados. Puxa pra cá, vai pra lá, segura R1, sai correndo, enche quadrado, corta com x, passa na intermediária, gol. As arrancadas e dribles fenomenais ficaram para o Playstation. Robben sequer soube usar L1 e quadrado, caso soubesse, a poderosa Laranja finalmente teria se tornado campeã. Acontece.

Aconteceu, também, da copa ter seus marcos. Então sem mais delongas, aqui estão:

1. O polvo Paul
Residente do aquário marinho de Oberhausen, na Alemanha, o polvo Paul se tornou sensação mundial ao passo que acertava todos os resultados da seleção alemã durante a Copa. O engano de muitos foi pensar que Paul era novato no assunto. Durante a Euro 2008, o telecinético polvo obteve mais de 80% de acertos, errando somente a final, na qual não deu o título para a Espanha. Mas o erro não aconteceria duas vezes, desta vez o polvo Paul foi preciso em sua abordagem dos resultados e previu, além da conquista da taça pela fúria espanhola, as derrotas da Alemanha para Sérvia e nas semi-finais, contra os espanhóis.

2. Mick Jagger
O vocalista fanfarrão dos Rolling Stones decidiu acompanhar a Copa do Mundo 2010 de perto... Pra quê? O homem conseguiu derrubar Estados Unidos, Inglaterra, Gana e Brasil e de brinde ganhou um site que permite que o internauta o coloque para apoiar uma causa aleatória.

3. Xoxolosa
A maior cobertura esportiva da Copa do Mundo 2010. SporTV, o mundo da Copa. E realmente foi. Uma equipe magnífica noticiou tudo com relevância para o futebol que ocorria em território sul-africano e no mundo. Tantas novidades, tantas matérias, tantos assuntos que os programas de debate seriam intermináveis caso não fosse o bordão de Lédio Carmona. Xoxolosa. Um vulgo, "segue em frente" em africâner que garantia que os programas não estourassem o limite de tempo.

4. O melhor goleiro fora de posição
Quartas-de-final. Uruguai vs. Gana. 13 minutos do segundo tempo da prorrogação. Escanteio à favor de Gana... A bola cabeceada por Adiyiah ia entrando... Somente ia. Num sublime momento onde a emoção supera a razão Luis Suárez, o goleador atacante da Celeste, utiliza de seu último recurso para manter viva a chama de esperança uruguaia pelo título e coloca as mãos impedindo que a Jabulani encontrasse seu trajeto certeiro: o fundo das redes. O jogador sofre a maior das punições do futebol, a penalidade máxima e é expulso de campo.
Gyan Asamoah, atacante ganês, encarrega-se de cobrar o pênalti. Último lance do jogo. O gol tornaria Gyan o maior artilheiro africano em copas, classificaria uma seleção africana pela primeira vez à uma semi-final e daria uma esperança para todo um povo de se ver representado em seu território. Gyan posiciona cuidadosamente a bola e parte para a cobrança. A pelota explode no travessão e o juiz apita o fim de jogo. Suárez, que ia deixando o campo inconformado, vibra de alegria ao perceber que o sonho estava vivo.
Nos pênaltis, Gyan é o primeiro à cobrar pela seleção ganesa, dessa vez dispara um chute certeiro onde dorme a coruja. Entretanto, todavia, contudo, o goleiro da seleção uruguaia, Fernando Muslera, realiza duas defesas que, junto à cavadinha matadora de Sebastian "El Loco" Abreu classificam o Uruguai.
Como disse Milton Leite, "nem o roteirista mais cruel de Hollywood teria desenhado um final tão cruel para Gana". E dessa vez hei de concordar com Galvão, o narrador, não o pássaro, Copa do Mundo realmente é teste pra cardíaco.




5. A Jabulani
Não é uma mera bola, muito mais que isso. Diagramada em 11 cores, cada qual representando os dialetos e etnias diferentes da África do Sul e constituída de apenas oito gomos em formato 3D. Segunda a NASA, após atingir velocidade superior a 72km/h, a Jabulani descreve percursos imprevisíveis. Desafia as leis da física com seus vôos que transcendem as coordenadas cartográficas. Cientistas ficam pasmos ao tentar integrar sua trajetória afim de obter equações nas quais a Jabulani seja uma mera escrava da logística. Misteriosa, bela e autoritária. A Jabulani tem seus próprios rumos, seus próprios anseios e não permite-se ser domada.
Mais que uma bola, personagem folclórico da Copa do Mundo 2010. Fez ensaios eróticos, deu entrevistas, ganhou a graça popular. Atacantes lhe adjetivaram de sobrenatural, enquanto goleiros maldosos ousavam lhe comparar com bolas de supermercado. Que audácia! A Incompreendida, literalmente. A soma das letras de Jabulani resulta em 16, o cabalístico 7, que trás consigo dentre outras características o jargão político do Brasil ditatorial: Ame-a, ou deixe-a!

Jabulaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaani...

6. Vuvuzelas
A enfadonha corneta ganhou proporções míticas neste mundial. Passou de instrumento não musical utilizado por alguns poucos inoportunos cidadãos para a representação holística da alegria sul-africana. As (malditas) vuvuzelas. O problema não foi, contudo, o êxtase coletivo da África do Sul. Época de festa, de comemoração... Tudo beleza. A questão é que o seu barulho, além de ensurdecedor, é contínuo e ininterrupto. Segundo especialistas, o som, a partir de um certo momento, torna-se desgastante mentalmente, podendo atingir níveis quase hipnóticos induzindo cansaço e irritação. Ah vah!? Vocês se irritaram?
Nas rodinhas de conversa foi membro constante junto com a famigerada Jabulani. Contudo, enquanto a Jabulani ostentava comentários apaixonados, as vuvuzelas foram severamente criticadas e marginalizadas. Para finalizar, não poderia de deixar aqui o épico comentário sem autor definido, "vuvuzela é igual punheta, só é bom pra quem toca."

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7. Cala Boca, Galvão!
Last but not least. A maior piada interna da história só seria possível com o advento da internet e dos meios de rápida disseminação de informação. Alô, Twitter! Autor de frases vanguardistas no universo narrativo, Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno é conhecido nacionalmente por ter narrado momentos históricos do esporte nacional, tais como o tetracampeonato mundial de futebol e títulos de automobilismo pelo falecido Ayrton Senna. Contudo, não possui muito carisma popular e devido aos seus repetitivos comentários fatigantes e impertinentes, a expressão "Cala Boca, Galvão!" alastrou-se rapidamente na internet, figurando rapidamente nos Trending Topics do Twitter.
A reação dos internautas ao redor do globo foi confusa, visto que não sabiam origem e sequer significado da expressão, enquanto que brasileiros respondiam aos questionamentos alegando que a expressão estava ligada a um movimento de preservação de uma ave nativa em perigo de extinção do nosso território, o Galvão. A brincadeira alcançou proporções globais, ao passo que um folder e um vídeo institucional foram veiculados na rede, e virou destaque em jornais respeitados como o El Pais e o The New York Times.
Apesar de o pior resultado depois da derrota ser realmente o empate, de existirem mesmo juízes que gostam de deixar o jogo correr e que quem foi pro chão, caiu... CALA A BOCA, GALVÃO!

Folder do Instituto Galvão.

Vídeo institucional CALA BOCA, GALVÃO!

É amigo.... Haja coração!

Rodrigo Mena

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