godão careca

- “Vantooiiiiirrr!”
- “Que é… Zula?”

Boa noite, boa noite. Boa noite. Por obséquio, meus prezados. Gostaria de pedir uma informação.

Na verdade gostaria de lhes passar uma informação. Certa vez me contou uma piada. Sobre um homem. Solicitando uma coroa de flores para um funeral. Descrevia o homem. Gostaria de uma coroa de flores grande. Grande. Circular. Com os dizeres: “Descanse em paz”, de ambos os lados, e, se houver espaço “no céu nos encontraremos”. O vendedor, não acostumado com tantos detalhes, e também vírgulas, não entendeu. A divina comédia do cotidiano pautada em probabilidades diminutas que coincidentemente causam o riso. E o sorriso.

Hoje é o dia dele. Do sorriso. E dele. Do seu Vantoir. Mentor, avô. Pai. Vô, vô Tuir. Godão careca.
Foi.
É.
Será.
Sua simplicidade ascendeu e acendeu em nós uma chama. Como um grande homem não conteve toda sua sabedoria só pra si. Distribuiu. E a cada um toca de uma forma. Singela ou intensa. Tocou. Compartilhando coisas boas, vive. Semeando coisas boas. Mais de setenta anos ao lado da dona Zula. Mais de oitenta anos de ambos os lados.

Ambíguo nunca foi. Sempre preciso, determinado e decidido. As adversidades ele superou. Com a força que despertava da sua mente. Construiu. Orientou. Criou. Desenhos, projetos e ideias. Idealizou um objetivo e o atingiu. Engenheiro nível cinco da Petrobras. Homem nível dez. Quem o conhecia, o admirava. E admira. Um ídolo despretensioso. Grande homem. E por isso te agradeço. Não por ser um grande homem. Por ser você.

Quem diria que em toda sua grandiosidade, seria um senhor a passear com um cachorrinho barbudo e branquinho. Assíduo frequentador do cafézinho. E do docinho. Mas primeiro a salada. Depois o prato. Só então o cafézinho. Incansável clarinetista. Ocasional saxofonista, agora. Músico. Síndico. Defensor do interesse público em escritos para a BHTrans, para a CEMIG, para a câmara de vereadores de Ribeirão Vermelho e para qualquer outra coisa que não julgasse correta. Escrevia e explicava. De-ta-lha-da-mente. Uma escrita aprumada, direta e treinada em horas a fio de palavras, cruzadas ou não.

Um acumulador. De canetas. Grampos. Eletrônicos. Pneus. Coisas. Pessoas. Acumulou tantas e acrescentou a tantos. Generoso. Prestativo. Amigo. Cumpadre do colegas do ITA, da turma de 1950 “a turma do foguete”. Sucesso nas rádios nos finais de semana, da onde tirava seu ganha pão. Artista de circo, quem diria? Manchete de jornal holandes, quando perguntou a profundidade do rio e deu a entender que queria atravessar nadando por falta de balsa. Comandou a construção da bacia de Campos e tinha linha direta com o presidente da companhia. Resolve qualquer pepino. Alguns de um jeito dúbio a priori. Sempre funciona.

E funciona assim, vô. Dando que se recebe. O que posso te oferecer agora, são só essas palavras. Logo te oferecerei minha formatura. Você é meu exemplo e meu norte. Meu amigo, meu cumpadre. Você é meu orgulho. Te adoro e te amo. Obrigado por tudo e sempre estaremos juntos.

De ambos os lados e orgulhosamente seu neto,

Rodrigo Mena de Oliveira.

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